19 de fev. de 2014

Ter, ser, não, é.

Uma pedra talhada nos diz muito sobre as necessidades dos primeiros seres humanos. Desenterrar raízes, despelar animais e raspar a pele, entre outras utilidades.

Com o tempo o homem talhou mais e mais essa mesma pedra para deixa-la afiada. Logo a pedra sofreu, na mesma proporção, modificações para atender outras necessidades. Com cada nova ferramenta, os seres humanos descobriram diversas formas de utiliza-las. As novas ferramentas criaram novas necessidades que, por sua vez, criaram novos objetos. Todo parafuso carece de uma chave de fenda.

Pode ser um instinto da fase anal, realmente amamos nossas coisas. Sejam úteis, decorativas, refinadas, feias, triviais ou singulares, não podemos evitar deixar indícios em todas as partes sobre a nossa identidade. Indícios de nossa cultura, nacionalidade, ideologia política, afiliação religiosa e inclinações sexuais, nossos objetos refletem quem somos e quem queremos ser. Convertemos nossos objetos em fetiches e embutimos magia e recordações. Transformam-se em artefatos de culto, de desejo e de medo, alimentando nossas paixões e obsessões.

Do batom proibido no Afeganistão a jogos fabricados com folhas de bananeira, como fazem as crianças em Uganda. Contemplamos uma camiseta de futebol que vale um espancamento no Brasil.

Pergunto: Valorizamos as coisas que nunca são tocadas ou as que tocamos continuamente, as mais úteis ou as mais inúteis?

De fato... ter não é ser.

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